MAIS PALAVRAS PARA QUÊ ? OS NÚMEROS FALAM POR SI. Parte III

Como é publicamente conhecido, as informações divulgadas pelos serviços financeiros da Câmara plasmadas nos documentos oficiais do Município em 31/12/2005, apresentavam um valor, das dívidas totais a 3ºs de curto prazo, da ordem dos 9.829.302 €.

Ora, o resultado da auditoria relativamente a estas dívidas, EM 31/10/2005, APRESENTAVA UM VALOR DE 11.189.257,00 € !!!

Contra certas opiniões e criticas proferidas por certas Organizações partidárias que apareceram nos O.C.S., entendemos que a auditoria foi, de facto, mais importante e útil que as informações dos Serviços da Câmara, mais que não seja pelos valores que "descobriu" e que os Serviços não tinham detectado.

Portanto cai por terra a tese, defendida pelo PS/Barreiro, de que a auditoria não veio trazer nada de novo, em relação àquilo que já se sabia.

Todavia, não deixa de ser curioso este texto da responsabilidade do PS/Barreiro, referindo-se aos Técnicos da Câmara: " … deve o executivo, de imediato e na próxima alteração orçamental, corrigir as verbas de forma a cabimentar estas modificações. Os serviços sempre procederam deste modo. Se assim não agiram agora, não foi por certo por serem incompetentes, mas porque alguém teve interesse em deixar "apodrecer" a situação ".

Pergunta-se: Quem teria sido esse "alguém" que teria tido interesse em deixar "apodrecer" a situação ? O actual executivo da CDU ? Honestamente não nos parece.

Mais, a própria CDU afirmou publicamente: " Os serviços administrativos/financeiros não podem ser responsabilizados por aquilo que não conhecem, sobretudo quando nem sequer existem requisições de determinados serviços na CMB. Tratam-se de dívidas que só são conhecidas quando os fornecedores lhes batem à porta".

Embora nos custe a admitir – e dizê - mo – lo com muita mágoa - esta é uma verdade inquestionável.

Meus Amigos, pedimos muita desculpa mas teremos que utilizar, mais uma vez, uma das afirmações do Senhor De La Palise: Se a responsabilidade não foi dos Serviços – e nisto os dois Partidos estão de acordo - então os culpados são o anterior Presidente da Câmara e o seu executivo. Clarinho como água …

Vejamos:

A auditoria verificou 3.251.513,0 € de dívidas não orçamentadas - fora do orçamento - não cabimentadas, algumas delas nem estão registadas nos Serviços de Contabilidade da Câmara, dívidas estas a 30 Entidades !!!

Sendo de 2.277.260,0 € o total de encargos não cabimentados e sem registo na Contabilidade !!!

Será de referir que o valor dos encargos não cabimentados e sem registo na Contabilidade, calculado e disponibilizado pelos Serviços da autarquia em 30/11/2005, apresentava um valor de 1.500.161,0 €. Portanto o valor real detectado pela auditoria é superior em 777.099,0 € !!!

Dos 2.277.260,0 €, o valor de 1.800.296,0 € tem facturas já passadas à espera do respectivo pagamento e 476.964,0 € são encargos não comprometidos, não facturados ( sem facturas passadas ) e completamente fora do orçamento e à margem dos Serviços de Contabilidade !!!

O actual presidente, Carlos Humberto, afirma e com razão, que se houve pessoas que forneceram serviços sem requisição ou sem factura, a autarquia não vai cometer irregularidades. Deste modo, os fornecedores poderão não receber uma verba de cerca de 477 mil Euros, referente a facturas não registadas em que a autarquia não assumiu compromissos de pagamento.

O que poderá revelar, no mínimo, uma situação muito embaraçosa para a CMB, no domínio da credibilidade e da seriedade, como pessoa de bem que deve ser. E eventualmente problemas com acções judiciais que os Fornecedores lhe possam instaurar.

Os 974.253,0 € restantes são o valor de trabalhos executados, concluídos, mas sem facturas passadas !!!

Meus Amigos, então os Fornecedores/Empreiteiros realizam os trabalhos e/ou fornecem os serviços e não recebem o dinheiro ? Sobre esta situação preferimos não fazer mais comentários, sob pena de sermos, eventualmente, mal interpretados …

Obviamente que analisámos o Comunicado do PS/Barreiro e concluímos que, para a justificação de parte destas dívidas às 30 Entidades, apresentaram argumentos – insuficientes, na nossa opinião - para 13 Entidades. Cadê para as restantes 17 ?

Serão argumentos que o PS terá na manga para a discussão política a realizar na próxima Assembleia Municipal ? Lá estaremos para ver, ouvir e … analisar.

Como já se aperceberam, somente estamos a falar dos 3.251.513,0 € que, no nosso critério e devido à importância e pertinência do problema, permitiram que dedicássemos quase um Post a esse tipo de dívidas. Mas, atenção, esta divida total, que inclui também os compromissos assumidos, cabimentados e orçamentados, atinge os 13.862.249,0 € !!!

Quase nos sentimos embaraçados quando somos quase obrigados a concordar com a CDU, mas uma coisa é certa, qualquer Barreirense, perante factos concretos e indiscutíveis, o que pretende é defender a sua terra, independentemente da força política que faça parte.

É o nosso caso.

E perante a herança financeira deixada pelo anterior executivo do PS, pouca ou nenhuma margem de manobra nos resta – mesmo que quiséssemos e fizéssemos um pequeníssimo esforço - para defender os Socialistas e, já agora, também o vereador do PSD.

A agravar ainda mais esta situação, algumas verbas que a autarquia tem a receber, legitimamente, de dívidas de terceiros, poderão estar claramente comprometidas, não chegando sequer aos cofres da Câmara devido ao facto, e damos como um dos exemplos reais, da recente falência da empresa responsável pela empreitada na Avenida Alfredo da Silva.

Essa Empresa, que recebeu 400.000 € à cabeça – por factoring - não concluiu a empreitada e temos sérias dúvidas se algum dia irá devolver algum dinheiro.

Terminamos estes três artigos sobre a dívida da CMB, com este exemplo quase inacreditável, não o sendo realmente porque aconteceu mesmo: Nenhum fornecedor pode passar uma factura à CMB sem requisição. Apesar disso, ninguém tem dúvidas que o concerto dos D´ZRT aconteceu, a verdade é que, nos serviços Financeiros/Contabilísticos da autarquia, não existe nenhum registo !!!

Que venha, então, a tão desejada Assembleia Municipal. Mas atenção, vamos a ver se a montanha não irá parir um … bichinho de conta …

Zé do Barreiro.