O CONGRESSO NACIONAL DO PARTIDO SOCIALISTA – Murmurar, Falar Baixinho, Não Falar, Caladinhos ou Mudos ? - Reflexão VIII

Muito se tem falado e escrito sobre a ausência de debate interno no PS, sobre a desertificação à volta de Sócrates, sobre o perigo de autismo do poder, quando há tiques autoritários num partido com maioria absoluta.
O congresso do PS, partido maioritário no poder, com maioria absoluta e um chefe com tiques autoritários, arrisca-se, dizemos nós, a fazer um grande e hipócrita aplauso à linha dura de governação.
Não estando obviamente em causa a liderança de José Sócrates, deveriam estar em causa as políticas sectoriais, discussões ideológicas e da praxis do partido e do governo, alternativas ou justificações da falta delas. Acreditamos que o próprio Sócrates e, sem dúvida, o Governo, sairiam rejuvenescidos e reforçados politicamente, independentemente da legitimidade que, obviamente, ninguém contesta.
Se há temas controversos no nosso socialismo e que têm sido objecto de duras críticas dentro do núcleo duro do PS (António Vitorino, Jorge Coelho, Maria de Belém Roseira, e outros), são os temas da saúde, concretizadas nas tentativas de reformas do SNS, com a concentração e reestruturação das maternidades e dos serviços de urgência, com a reorganização e implementação das unidades de saúde familiar, com a introdução de taxas de utilização, com a escassez de recursos, etc.
Há umas semanas ficou a saber-se que o Ministro Correia de Campos iria propor a discussão de uma moção sectorial sobre a saúde, o que se aplaude pela sua oportunidade, esperando - se o debate e a clarificação do rumo que o PS pretende dar a este Sector. Uma excelente decisão do titular da pasta da Saúde .
No entanto o DN em "positivo e negativo" e o Diário Económico - para além de informar que há mais de 30 moções sectoriais a serem discutidas no congresso, sobre temas diversos - afirma que Correia de Campos retirou a proposta de discussão sobre a Saúde.
A confirmar-se esta notícia, parece-nos um estrondoso erro e uma enorme desilusão no que diz respeito ao PS, ao Governo e, sobretudo, a este Ministro.
Nas áreas mais difíceis e mais polémicas – como também a Educação, a Segurança Social, as Finanças Locais, a Justiça - espera-se que haja coragem e humildade políticas para defender e procurar soluções. Se o problema é o medo de ver as opções tomadas e a tomar serem criticadas ou desaprovadas, não se percebe, de facto, para que servem os Congressos Nacionais.
Da mesma forma também não se entendo a ausência de pedidos de discussão sobre este tema, por parte dos críticos de Correia de Campos.
O País deu um mandato ao PS para governar quatro anos – quase cinco - em maioria absoluta. O PS é constituído não apenas pelos nomes sonantes do aparelho, mas por todos os seus Militantes.
Estes, pelos vistos, não parecem estar à altura da sua responsabilidade.
Estão, estamos, à espera de quê ? Do resultado das eleições de 2009 ?
Depois já será tarde … muito tarde … e não haverá hipótese de corrigir o que quer que seja …
Qual será, NESTE MOMENTO, a decisão mais correcta, que a família Socialista deverá tomar: Não Fazer Ondas, Continuar a Murmurar, Falar Baixinho, Não Falar, Estar Caladinhos ou simplesmente Emudecer ?
Só aos genuínos Militantes de base do Partido Socialista – cerca de 90.000, onde estão incluídos os 25.000 que foram votar - compete responder.
SÓ A ESTES !!!
Zé do Barreiro.
1 Comments:
At 08 novembro, 2006 10:20,
Anónimo said…
SEM MAIS COMENTÁRIOS:
"Nota negativa para a falta de transparência nos resultados do processo eleitoral. Boletins substituídos à ultima da hora, minutas oficiais de actas eleitorais mal feitas, falta de actas, desaparecimento dos votos "não" sob a capa de brancos e nulos, e sei lá que mais. Francamente, não havia necessidade.
Helena Roseta"
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