O ESTUDO DA C.I.P SOBRE A LOCALIZAÇÃO DO N.A.L. EM ALCOCHETE – Algumas desvantagens inquestionáveis. Parte I
Meus Amigos,
Não iremos repetir os zig-zags, os desmentidos, o diz-que-disse, as contradições, os desabafos, a alteração de posições iniciais, a que nas ultimas semanas os Cidadãos deste País, especificamente aqueles que habitam na Península de Setúbal, têm estado sujeitos pelos altos Especialistas, Industriais e Empresários que decidiram, AGORA, elaborar um novo estudo para uma nova localização do Aeroporto de Lisboa na zona do Campo de Tiro de Alcochete. Não. Não queremos sujeitar os nossos Leitores a mais atentados à sua inteligência.
No entanto, recordamo-nos da “promessa” do Presidente da C.I.P. - Francisco van Zeller – o qual garantiu que a equipa liderada por José Manuel Viegas estava empenhadíssima em responder «ponto por ponto» às acusações da RAVE, e que deveria apresentar em breve essas respostas.
Como até ao momento não vislumbrámos rigorosamente nada, relativamente às “ respostas ponto-por-ponto “ do Sr. Professor José Manuel Viegas às acusações da RAVE, decidimos, aqui neste Blog, tomarmos a ousadia e o atrevimento de nos substituirmos a tão ilustre personalidade.
O que, convenhamos, é para nós uma grande honra …
Assim, até ao dia 12 de Dezembro, mais dia, menos dia, altura em que serão divulgadas ( pelos menos entregues ao Governo ) as conclusões do Laboratório Nacional de Engenharia Civil sobre a comparação OTA/Alcochete, iremos publicar cinco pequenos textos onde serão apresentadas as claras e inequívocas desvantagens se o N.A.L. for construído em Alcochete.
Cá vai o primeiro.
Caros Amigos, já perguntaram a vós próprios, com toda a honestidade intelectual, quais serão os “outros” custos que serão devidos, obrigatoriamente, às várias alterações ao projecto inicial ( NAL na OTA ), que constam no Estudo da CIP ?
Esses custos estarão contabilizados ?
Atentem, mais uma vez, para mais um pequeno exercício que vos proponho.
# Apresentam um estudo que, para além do NAL em Alcochete, localizam um túnel do Beato para o Montijo.
# Um túnel de Algés para a Trafaria.
# Reordenam e relocalizam, de uma penada, toda a linha de TGV, cuja passagem passaria a ser efectuada pela margem esquerda do Tejo, precisamente através da nova travessia ferroviária ( o túnel Beato - Montijo ) e a construção de uma estação em Santarém.
É obra. É sim senhor. E uma grande obra … Mas, quanto vai custar em comparação com o projecto inicial ?
# E no ordenamento do território, o estudo está feito. Não está.
# E estudos sobre o ambiente ? Não existem.
# E o estudo das acessibilidades, concretamente do TRÁFEGO AÉREO, foi apresentado ? Não conheço.
E isto também custa uma pipa de massa, ou não custa ?
Vi e ouvi – como certamente muitos de vós - o Professor Carlos Borrego na RTP 2.
Disse que não apresentaram estudos sobre a fluência de tráfego, nem sobre os aspectos ambientais/ecológicos.
Então é realizado estudo desta dimensão e importância e não apresentam os aspectos ambientais – que para a zona em questão são imprescindíveis - e que deveriam ser esmiuçados “até ao tutano” e nada apresentam, também, sobre a mobilidade e tráfego, quer ferroviário, quer rodoviário, quer aéreo, para toda a zona envolvente do estudo que eles próprios apresentam …
Bom, por hoje ficaremos por aqui.
Ah, ia-me esquecendo, os espanhóis já estão em fase muito adiantada da construção do seu TGV. Soube há poucos dias que JÁ está a chegar a Badajoz …
Resto de um bom Domingo e uma excelente semana,
Zé do Barreiro.
9 Comments:
At 19 novembro, 2007 16:51, Anónimo said…
MARIA FLOR PEDROSO
A grande entrevista ao Eng. António Fonseca Ferreira em http://multimedia.rtp.pt/programa.php?prog=1010
At 19 novembro, 2007 22:23, A Reguengos said…
Zé, acrescente-se ainda um estudo de um biólogo português sobre a migração dos "maçaricos de bico espalmado" (acho que é assim a designação da espécie) que migram para a zona do "projectado Aeroporto da CIP" os quais interferem com as rotas dos aviões. Calcula-se que o número de individuos desta espécie nesta zona seja de 40 a 70 mil, os quais se alimentam nos arrozais próximos.
At 20 novembro, 2007 11:45, Zé do Barreiro said…
Tó-Zé Reguengos,
“Maçaricos - de - bico - direito”.
Então os gajos não fizeram estudos ambientais, nem ecológicos, nem de eco - sistemas para a zona. O que é que queriam ?
Obviamente que estão a aparecer os problemas.
Grande Abraço,
Zé.
At 20 novembro, 2007 22:33, A Reguengos said…
Oh, Zé, vamos lá defender a nossa dama: a ponte Barreiro-Chelas.
Começemos pelo início:
1. A ponte Barreiro-Chelas é imprescindível para assegurar a competitividade da ligação em alta velocidade entre Lisboa e Madrid (um estudo da RAVE demonstra que esta só é competitiva se assegurar a ligação em 2h15m).
2. A vantagem inquestionável das ligações de alta velocidade entre capitais europeias é de perimitr uma ligação "downtown-to-downtown" (do centro da cidade ao centro da cidade), já que muitas das vezes quando comparada a ligação aérea com a ligação ferroviária não se leva em linha de conta o tempo gasto em "transfers" dos aeroportos aos centros de negócios das cidades.
3. O aeroporto em Alcochete não é incompatível com a ponte Barreiro-Chelas, bem pelo contrário, já que não é imprescindível a ligação em alta velocidade entre pontos que distam 30 kms entre si. Além disso, por rodovia o NAL em Alcochete está a 7-8 kms (no máximo) da Ponte Vasco da Gama.
4. Permitir neste momento uma ligação Trafaria-Algés só na mente de alguém que apenas se preocupa em chegar mais rapidamente às praias da Caparica, já que ninguém leva em linha de conta as deslocações da "mole suburbana" dos concelhos limítrofes de Lisboa, como são Barreiro, Moita, Sesimbra e Seixal.
5. A ligação rodoviária na TTT deverá ser complementada com uma travessia Seixal-Barreiro.
Por agora, acho que chega, mas se for preciso ainda há mais matéria.
Um grande abraço,
António Reguengos
At 21 novembro, 2007 09:47, Zé do Barreiro said…
Tó-Zé Reguengos,
Como sempre, “quase” totalmente de acordo consigo.
Não fora o “malandro” do seu ponto 3.
É que, também, se deverá ter em conta os factores económico – financeiros e respectivos custos …
Ora, sobre aquilo que refere no seu ponto 3., o seu Amigo Zé publicará o próximo Post que tratará essencialmente de – imagine-se – “SHUTLLES”.
O que é isso ? Perguntarão.
Bom, será um “berbicacho” que encarecerá sobremaneira o projecto se a TTT for Chelas-Barreiro ( como o Tó-Zé e eu desejamos ) e o NAL for localizado em Alcochete ( como o meu estimado Amigo até nem se importa de condescender e cá o Zé descarta por completo ).
Aquele grande abraço,
Zé.
At 21 novembro, 2007 14:23, José Gil said…
Olá Zé.
Depois de ler atentamente todos os estudos sobre o NAL, continuo a não entender nada.
Ouve-se falar de milhares de milhões de Euros e mais-valias para um lado e menos valias para o outro... E não se consegue chegar a solução nenhuma. Talvez porque mais uma vez os argumentos se sobrepuseram aos factos.
Eu sou formado em Psicologia... Quem sou eu e que competências técnicas terei, para debater um assunto tão sério?
Tá bem mas eu tenho direito de ter a minha opinião, dirão vocês, mas por mais informado que se esteja, estes problemas ultrapassam os conhecimentos e as nossas lógicas adquiridas ao longo da nossa vida. Será a minha opinião válida ou estarei a contribuir para a confusão instalada?
Para mim, situo o problema em dois níveis. O primeiro nível tem a ver com a discussão técnica. Sempre que sai um estudo, o académico que os faz é sempre a maior autoridade internacional, nessa área. Apraz-me saber que Portugal tem os maiores especialistas nesta área e que estes são incapazes de chegar a um consenso. Se eles não chegam, que são supostamente especialistas, como vamos nós lá chegar?
Um segundo nível tem a ver com o atraso... Na realidade, estes estudos nada mais fizeram que parar as duas obras. O NAL e a AV. Alguém já se lembrou de calcular os prejuízos que estes atrasos já causaram? Os nossos vizinhos estão a chegar à fronteira... Será que eles também tiveram estes problemas?
Zé não interprete o meu comentário como sendo contra discussão que lançou no seu blog. Acho que mais uma vez está a prestar um bom serviço. No entanto, este é um problema político. Nada mais do que isso. E enquanto assim for, o país continuará parado, à espera de alguém que venha por ordem na nossa casa.
At 22 novembro, 2007 10:47, Anónimo said…
Ora aí está! Simples e sem “espinhas”!
É de facto um problema político. Mas, diria mais: são lobies que se procuram afirmar e vingar pela via política sendo a vertente técnica não mais que um simples meio.
Por isso os técnicos “não” chegam a acordo, porque são meros instrumentos. Algo que, lamentavelmente, é vulgar em Portugal. Por alguma razão levamos eternidades para nos decidir sobre o que fazer e como fazer. É nas obras públicas, é nas empresas, e em tudo! Com os prejuízos para o desenvolvimento e crescimento do país que são bem evidentes.
Solução? Simples! Os técnicos ESTUDAM por parâmetros técnicos; os políticos DECIDEM por parâmetros políticos e os lobies ACTUAM junto dos políticos. Assim, cada um assumiria a sua quota de responsabilidade. Para o bem e para o mal.
Não é aceitável continuar a instrumentalizar os técnicos nem estes podem continuar a deixar-se instrumentalizar para fins políticos ou de cedência a lobies.
Os nossos decisores gostam de decisões fáceis. Para isso encomendam os trabalhos aos técnicos, orientando o resultado final. Não os resultados que fundamentará a decisão (política), mas os resultados que SÃO a decisão. Há uma total inversão e subversão dos papéis. São os célebres estudos/pareceres "à medida". Assim, limitam-se a assinar por baixo e se a coisa der bronca, a responsabilidade será sempre dos técnicos, argumentando, candidamente, que foram os especialistas que assim recomendaram.
É uma questão cultural! O que me leva a concluir que, infelizmente, está para durar! É a célebre cultura do "yes men" sobejamente estudada e documentada como factor de entropia para o desenvolvimento, seja das empresas, seja das nações. A este propósito será interessante uma olhada para ”A vez dos YES MEN”, Carvalho, J., Management - Semanário Económico, Media Capital, 2001.
Quem de nós, aqueles que desempenham funções desta natureza, já não se confrontou, pelo menos uma vez, com esta realidade?
Por isso sou um convicto defensor da legalização e institucionalização dos lobies. Assim, tudo ficaria muito mais claro. Acreditem! Assim todos "os bois seriam chamados pelos seus nomes"!
Álvaro Branco
At 23 novembro, 2007 12:04, Zé do Barreiro said…
A. Branco ( e eventualmente, também, o meu estimado Amigo José Gil ),
1º O único “lobby” em que alguma vez estive, estou ou estiver envolvido, no que diz respeito a estas importantíssimas infra-estruturas para o nosso País - NAL; TTT e TGV – é na intransigente defesa da ponte Chelas-Barreiro ter a componente Rodoviária simultaneamente com a Ferroviária. Ponto final.
2º É a enésima vez que digo ( escrevo ) que o NAL SERÁ CONSTRUÍDO NA OTA. Estão a perceber bem ?
NA OTA !!!
Agora, é como diz o povo, “preso por ter cão e preso por não o ter”, ou seja, se o Governo optasse pela OTA, sem mandar o estudo da CIP para o LNEC, “aqui d'el rei ”, o governo é fascista, prepotente, ditador, autoritário” e outros epítetos afins.
Como também costumo dizer, o Governo fez, quanto a mim, uma jogada de Mestre. Manda o estudo para o LNEC para que TODOS, mas mesmo TODOS os sectores da sociedade portuguesa ( políticos, económicos , etc ) possam ter a certeza que, de facto, a hipótese Alcochete é inviável, em relação à OTA, quer no domínio económico-financeiro, quer técnico, quer nos aspectos de ambiente/ecológicos, quer de acessibilidades, quer de tráfego, quer de mobilidade, quer de logística militar ( explicarei o que isto é no próximo Post ).
Obviamente que, devido a essas conclusões, o Governo sairá reforçado e com maior credibilidade, em relação a esta matéria.
Uma coisa tem o A. Branco e o Gil toda a razão: os estudos que se têm realizado ultimamente, tem atrasado irremediavelmente o inicio das obras dos três projectos.
E uma pergunta terá de se fazer nesta altura: Quem irá suportar e responsabilizar-se pelos prejuízos causados ao País devidos aos atrasos ?
Respondo já: Ninguém será responsabilizado …
Cumprimentos,
Zé.
At 29 novembro, 2007 10:15, Anónimo said…
Vou-me referir apenas à ligação da CRIL à outra margem. Ela um dia terá que ser feita a CRIL não vai poder terminar sempre na doca de Algés, a sua continuação, tendo em vista a criação de um anel ao redor de Lisboa é por demais evidente. Poderá não ser feita já, nem daqui a dez anos, mas um dia será uma realidade e o que o estudo da proposta do aeroporto em Alcochete quer dizer é que com o dinheiro da construção do novo aeroporto em Alcochete até sobra dinheiro para a conclusão do tal anel. Quanto à ligação desse aeroporto a Lisboa, ou de um auxiliar a Lisboa no Montijo, terá que ser feita mais a oriente, aproveitando a travessia (ponte ou túnel) que serviria também o TGV e um comboio suburbano. Mesmo assim tudo isto ficaria ainda mais barato.
Falam-se em túneis porque são uma opção válida, mais barata e até em termos estratégicos, mais convenientes: em caso de um conflito não bastaria bombardearem as pontes porque ficariam os túneis. Além disso, os problemas geológicos já são hoje ultrapassáveis e lembro que não há muitos anos em Los Angeles houve um grande sismo que derrubou muitas pontes, mas os túneis nada sofreram. Em Istambul, uma zona também bastante sísmica, está a ser construído neste momento um túnel sob o Bósforo. É claro que a tecnologia a usar terá que ser a adequada e não tem nada que ver com o que está a ser feito no Terreiro do Paço.
Zé da Burra o Alentejano
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